Saturday, August 31, 2024

 

para quê escrever

o disforme

esporeia a tristeza

sela o pouco de beleza

outra montaria a pele

doada predadora

que extenua

a radiante fera —

acho ali está

afinal lá continua 

feia


para quê escrever se é disforme o que se escreve 

se o disforme esporeia a tristeza e sela o pouco de beleza 

ainda tangível ainda a flor tonal da pele?


outrora ou se outra fosse mais valia antes

montar a pele outra montaria a pele virável correria

predadora extenuada ah tanto de beleza e apoteose 


na radiante fera

e tu captora achas cá está ela tres-

passei-a no papel mas afinal lá continua e te devora feia


vagabunda lírica


tantos sulcos percorridos

hoje ocultos acamados

por outros pés nesses quartos
corpos em que enrolou

amarinhou quis muito 

alguns em todo 

o caso a maioria

 

nus 

 

para um crescer climático

ou final de despenho

à beira de matar

resgatar alguns

que empurraram a porta

depois bateram-na

dando por si trancada

sem estima sem ira

sem sentidos 

mónada na fechadura 

espiando temerosa

futuros desaparecidos

 

salvo exceções 

que não a envaidecem

e quase esquece

sem regozijo nisso

mas cujo nojo

procuro não procurar

(vai longe essa líbido

para o choro

sobre desperdícios) 

despido-nos normalmente

juro como se fôramos, átrios

 

nós

 

e se produzissem prodígios

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