Friday, December 09, 2022

WINNIE

 I

agora atravessamos a terra de ninguém dou-te

a minha mão penso com uma dor

que sobe desta claridade fria das axilas à cabeça

amo-te e temo o estrépito o anel do som

a combustão do mel na garganta

 

II

demorámos muito tempo para nos abraçarmos sob o céu

de cinza o céu sem noite onde uma escotilha traz pouca chuva

deitados no chão ao lado do meu monte a cabeça no declive

e os pés agarrados às costas debulhamos sucessivamente

o rigor dos prazos finais cronologicamente

pergunto seremos imortais

 

III

Um dia a mala abre-se a casa cai

estendidos por todo o deserto

tu e eu atiçaremos as estrelas




No comments:

Blog Archive

Contributors