à Mariana Branco, que me ensinou
a posição da árvore e outras
espiritualidades a consolidar
Apontadas ao vazio, as nossas rótulas
paralelas a uma linha imaginária
entre os olhos e o longe — há que arredondar
o irracional infinito — mostravas-me
como elevar a zero a coluna, raiz
das dez mil coisas, em que palavras
tombam, espelham, espalham.
Palavras, sobretudo as viperinas
que propagam. Deste-me o talismã
espanando o ar entre nós: Retira
era o que dizias, diluindo injúrias
de tolas brigas numa razia de sílabas
átomos, minutos, num ápice limpos.
Pior era a magia de anular o ácido
da ferida que sempre mais incide
contra nós... morde como formiga.
Disseste-me que nenhuma se deve
— Amiga —matar (por mais pequenino
o crime), que a formiga se põe a andar
com casca bolorenta de citrino
que a língua sarrenta revela o karma
do assassino. Treinaste-me a rodá-la
com a saliva na barriga; que afinal
se ascende, se cede, sem ondas...
de onde (será certo?) esse destino
para que foste cedo, insanamente hirta
tu, que sorrias tão profusa, devolverás
ao céu — ao pó, ao nada (e eu aceito?
e isso prova que venceste a foleirice
da imagem? deste plano?) — tua luz dourada.
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