Se por fora não pareço oca dentro
podre ao centro estou.
Sem querer armar-me em modernista tenho Alturas
em que experimento a lúcida percepção
quase materialista e táctil
do progresso da loucura
sou tal película sobre-
posta sobre-exposta,
precipitado cálculo de abertura -
aí o pânico a insónia eu cindida.
Só escrever me alivia um pouco
e dantes inclusive consolava;
agora é mais um corte
que sob a pele se exerce a prevenir
a coisa mais violenta que me pulsa na cabeça
e compulsivamente desta forma se escoa
mas não seca nunca estanca apenas se desloca.
E quanto disto não assenta na suspeita
de que me torno assim pior pessoa?
5 comments:
A pessoa não posso saber. O poema é bom, muito bom.
Hmmm... Ama complica demais, desta feita. E antes tardofeita que cedofeita, acho de.
isto sim!
Rui Costa
este poema ou tem um ritmo camoniano ou muito me engano. é um poema singular, aliás, tem só um plural: Alturas, que nem o é bem. Se é o ritmo que cria o pensamento ou a cabecinha da poeta que faz tudo, isso ainda se está para ver.
Este poema é da autoria de Margarida Vale de Gato.
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