Sunday, September 21, 2014

Ribanceira da Vamba



Eu
não
quis
da terra
nada salvo
amor nada
me acudiu
me lançam da frágua
coitada resvalo a vertigem lavro
marco a fundo pele que na tua
outrora subia eterna sacudi-
da agora entre tojo ruim me
esfacelo raso mui bicudas
pedras daninhas ervas eu própria
dano sem socorro mouro meu morro e mal
digo: pestilenta para sempre detestável a beleza
das fêmeas do ar da paisagem de que jamais vos
venha cura algum ungir pelos tempos fora este
fétido bafo de má indústria este tão pouco clemente
excesso de imponência este ser de cerco e corrente que
cerra este rondar de rapina por cima de penedos este
para sempre só
  e solo inenar-
                     (r)ável até à agua.


Sunday, September 07, 2014

Mais do Mesmo



Se voltas a querer-me será para

ficares comigo só que não espero

já nada nem por ti e outros quero

que me façam à hora vária e rara



tremura prazer sólida febre. E

troveja. Às escuras a luz cinde

igual sem remorso nem melindre.

Roí-te o ardil mental fugi



até à arte por não te ter sustido

o golpe fundo iterativo brusco.

Resta isto de termos já fodido



a medula um do outro de um

só feltro húmido rude porém justo
ao fogo – e parece – à peste incólume


.

Thursday, September 04, 2014

Meditação


Lago, mar e fonte, revivo
em três águas lavada,
nunca a mesma sorvo —
Renascimento é memória.
quiçá, posto isto, nada
devia pedir ou ter
precisão, fora o inglório
rebuço de querer a arte
e irritar o cosmos.

Serodiamente sobre
coisas destas versaram
T. S. Eliot e Maria
Velho da Costa; e como
Te atreves; e porque
não serves? Muito perguntam
clássicos, de novo à bulha
sobre o pó e o pólen
da malga onde bóiam rosas.

Ai o excesso de tentar,
a tentação, ai a forja
que não rutila já, nem
marcheta o que não sei
como deixei de sentir.
Pois então desisto. Solto
o testo apertado ao ímpeto,
não ebule nem transborda.
Estou tranquila, será isto?
.

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