Monday, September 25, 2006

deslocalização da Primavera

a despedida de Setembro, o diagnóstico de Outubro
dão azo desta vez a uma melancolia remota
tão somente, gralhas que não gritam neste calendário
decerto extemporâneo; pois somos nós o mês de Maio,
migrantes pássaros não tementes já dos dias curtos;
que deslumbradamente as penas luzem: invés de cinza,
uma patine de prata – vantagem devida à lua
que roda e dura agora mais que o sol – e o tempo assim
é amor que não azeda na demora da reserva

Saturday, September 23, 2006

car (après tout)

la vie est à peu près le seul luxe ici-bas

Thursday, September 21, 2006

Eu cá não fazia fiado na fé deste Papa

(reflexão automática após conversa sobreouvida na mercearia:)

D. Georgete: O outro, sabe, era mais prudente.
Cliente do Cão Zulu: Pois, mas eu acho que há coisas que se dizem de boa fé e outras de má fé. E este se calhar é mais inocente, mas não quer dizer que não seja de boa fé.

Monday, September 18, 2006

Porque sempre que tenho arrufos com a maternidade me lembro



e lembro também um certo ex-aluno – dos que soe dizer-se “problemáticos” – cuja voz se lhe embargou quando lhe pedi para ler este texto do Almada, e ainda porque ontem, pelas 20h00, a Elisa viu nascer a Maria Rita.

“Mãe! Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei! Traz tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue verdadeiro, encarnado! Eu ainda não fiz viagens E a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar. Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras. Mãe! Ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado! Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa. Como a mesa. Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça! Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!”

Monday, September 04, 2006

Não está estafado, nem o poema nem o tema, e aliás a questão é: o que se faz a seguir a isto?

Levou-me o meu amado pelas câmaras da festa,
e era o amor o estandarte que ele abria sobre mim.

- Dai-me bolos de passas, reanimai-me
com maçãs.
Porque eu estou doente de amor.

O seu braço esquerdo está debaixo da minha cabeça,
o seu braço direito aperta-me
fortemente.


Suplico-vos, ó raparigas de Jerusalém,
pelas gazelas, pelas corças dos campos,
não acordeis, não acordeis o meu amor, antes que ele
o deseje.

excerto de Cântico dos Cânticos, tradução de Herberto Helder, ilustração de Marc Chagall

Friday, September 01, 2006

Exercício expurgatório

Escrever 100 vezes:

amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir amar é poder saber deixar partir

Voluntariado Infantil



Quando me caírem os dentes, se a fadinha me puser dinheiro debaixo da almofada, dou-to a ti.

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