Friday, February 27, 2009
mais uma variação (já cá faltava)
para o mano Roger
Herr God, Herr Lucifer
Há que
Resguardar.
Das cinzas renasço
Com meu cabelo ruivo
E devoro homens como ar
.
so hush little baby
a ambiguidade da linguagem, comparada com a do silêncio, é uma brincadeira de meninos de cueiros
.
.
Sunday, February 22, 2009
lembrete: como chegar ao início da Primavera
ir lá a cima ao monte
inspirar o rio imaginando que preenche o umbigo
expirar pelos olhos os telhados o casario os arcos a ponte
comer uma carcaça
.
inspirar o rio imaginando que preenche o umbigo
expirar pelos olhos os telhados o casario os arcos a ponte
comer uma carcaça
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Saturday, February 21, 2009
post post scriptum
Se a imprevista doçura ainda
sinto no avesso conflito da tua ternura
dista a memória milhas já
e o que resta neste instante
só
(um whisky após) o mesmo o intenso
desejo paz
.
sinto no avesso conflito da tua ternura
dista a memória milhas já
e o que resta neste instante
só
(um whisky após) o mesmo o intenso
desejo paz
.
mais ondas
para além das quem dera ser (e toca-me)
UMA ONDA
1
Uma onda
é amar-te e medo
ciúme deste mar
tan-tan do meu naufrágio
numa canoa de pétala
de acácia
2
Uma jangada
que me tragas feita
de troncos de palmeira
ou de um barco de negreiros
afundado
e dentro de uma concha
uma notícia
3
Amar-te é esta distância
e junto ao mar
senti-lo viajado
azul e com estrondo
4
Amar-te é uma fogueira
sobre a onda
sítio de uma lavra
de milho ou mandioca
na areia que me foge
sob a espuma
5
Amar-te é isto
com o teu perdão
não agarrar a onda
e mastigar-lhe o sal
que apenas sei
ter já beijado
a tua praia
6
Uma onda
que penso.
Outra em que reparo.
A mesma em que pensei
e que retorna ao mar.
7
Porque ficar a onda
— o impossível
(dizem que não havia
mar
remos de sol
nem barcos afundados).
Manuel Rui
foto cortesia arodaemroda
.
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