Sunday, August 09, 2009
"Aquela que de amor descomedido"
Não resisto, depois do post abaixo, a colocar parte da minha tradução até agora favorita de Landeg White. A elegia é longa, e não transcrevo tudo, mas a verdade é que se não fosse a leitura nova do inglês, a mim nunca me teria tocado tanto este poema de Camões (clicar aqui para comparar com português, infelizmente sem quebra dos tercetos; o que transcrevo começa no 7º verso).
(...)
In the same fashion, of my personal hurt,
already history, nothing remains
but this poem I scribble urgently,
and if its tenuous, threadbare existence
reflects love, it's because the thought
echoes its loss of the good that is present.
My lord, do not be at all startled
that overtaken by such ill fortune,
I steal this little space to inscribe it,
for whoever has the strength to go on
without killing himself by way of statement
has also the strength to write it down.
Nor it is I who write of my customary fate;
but within my heart, overwhelmed and broken,
the heartbreak writes, and I translate.
(...)
Direito à Indignação
Comentei isto além, mas como raramente me indigno, e já há muito que aqui não boto nada, resolvi repetir:
"Admiro muito o trabalho de R Zenith mas está na altura de eu me indignar um bocadinho. Como é que esta notícia do Instituto Camões pode começar com a frase "A primeira tradução para inglês da poesia lírica de Luís de Camões"? Ainda o ano passado se lançou "The Collected Lyric Poems of Luís de Camões" - uma tradução de Landeg White que de resto foi comentada no lançamento de Zenith, onde estive. Já em 1884 R. Burton traduziu o que então pensava serem os poemas líricos completos, menos éclogas e elegias, e existem várias outras selecções parciais do século XIX. Sobre as recentes traduções, é justo dizer que se complementam: a de Zenith é um trabalho ponderado e exacto de um grande tradutor literário; a de L. White, que deu à língua inglesa também uns excelentes Lusiads (1997) é uma viagem de partilha amorosa entre poetas.
Já agora ainda digo mais: não me parece que R Zenith ou a Universidade de Dartmouth necessitem de publicidade enganosa. Não concebo que uma instituição cujo principal objectivo é a divulgação da língua portuguesa no estrangeiro, e que assume por nome o do poeta em causa, possa encetar uma notícia com um lapso destes.
"Admiro muito o trabalho de R Zenith mas está na altura de eu me indignar um bocadinho. Como é que esta notícia do Instituto Camões pode começar com a frase "A primeira tradução para inglês da poesia lírica de Luís de Camões"? Ainda o ano passado se lançou "The Collected Lyric Poems of Luís de Camões" - uma tradução de Landeg White que de resto foi comentada no lançamento de Zenith, onde estive. Já em 1884 R. Burton traduziu o que então pensava serem os poemas líricos completos, menos éclogas e elegias, e existem várias outras selecções parciais do século XIX. Sobre as recentes traduções, é justo dizer que se complementam: a de Zenith é um trabalho ponderado e exacto de um grande tradutor literário; a de L. White, que deu à língua inglesa também uns excelentes Lusiads (1997) é uma viagem de partilha amorosa entre poetas.
Já agora ainda digo mais: não me parece que R Zenith ou a Universidade de Dartmouth necessitem de publicidade enganosa. Não concebo que uma instituição cujo principal objectivo é a divulgação da língua portuguesa no estrangeiro, e que assume por nome o do poeta em causa, possa encetar uma notícia com um lapso destes.
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