Sunday, November 22, 2009

One Art

A arte de perder não custa dominar;

há tantas coisas que parecem decididas

a perder-se, que o mundo não pode acabar.

Perder quotidianamente. Há que aceitar

a falta das chaves, a hora consumida.

A arte de perder não custa dominar.

Depois treina-te a perder mais e sem parar:

nomes, e sítios, onde tinhas prometido

que ias; nem por isso há-de o mundo acabar.

Perdi o relógio da minha mãe, e – azar! –

a última, ou quase, das minhas casas queridas.

A arte de perder não custa dominar.

Perdi duas cidades, lindas, e, para somar,

duas terras, dois rios, e tantas despedidas

de coisas que faltam mas não causam pesar.

– Até perder-te a ti (a voz de troça, a xingar

que eu amo) não estou a enganar. É sabido

que a arte de perder não custa dominar,

embora pareça (escreva-se!) o mundo a acabar.

Oh, não, seja o que for o que for à excepção do amor

Diz: o mundo a acabar. (nota de Bishop para o poema)


Elizabeth Bishop
http://www.youtube.com/watch?v=6dudxfkrYi4&feature=related

1 comment:

diana said...

bela tradução deste magnífico poema! vs. animação manhosa

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