Friday, July 25, 2014

Egon Schiele




Quero comprar-lhe
as caras as cartas as casas
as provínicias
herdar-lhe as relíquias
de nu em desleixo
com desgrenhadas axilas
e as mamas aflitas
às cavalitas das costelas
e o excessivo porte
do escroto de mamífero
na esquálida armadura
o pequenino pénis exposto
e os pés em aquilino
fio de dança em fuga da moldura

que ele tinha um desejo
arborescente e murcho
de profeta e de besta
e aquele escroto era útero
de prematuros bebés
que o olho rubro calcina
(insidioso e cru o trato
entre mãe e artista)
têxteis nervos e espessura
ou cercas em cumes
de realistas falésias
e as cruzes de braços
insaciados de entrega
e crostas e os ocres
e curvas e as bruscas
pinceladas de brocha
mal seca sobre estratos

exigente seria no amor
de indecente oferta
a posse como pose
ascendente e pornográfica
e fazia aquela arte
no rebordo do massacre
forçaria, sim, os modelos
que amava, arregaçar-lhes-ia
pois os cabelos entre cu
e tetas, mas acreditaria
no fim, atacado da bubónica,
que a guerra vem à terra
no meio do sangue?
.

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