i. caverna
Esta banda de chapa que não quebra,
o meu diafragma — por isso tanto
custa estender um verso ao vento.
Por isso tudo é húmido cá dentro.
Esta prótese que trago pela carne,
minha contracepção — por isso é
que me falta sempre ar e esta merda
não dá broto nem caroço não ar-
ranca não passa de garganta
ii. banda de chapa
Posso batê-la ao sol e surpreendê-la
a faiscar. Não posso não cegar.
Posso, porém, dar cabo de pensar
em mim e me engasgar de azul
à janela
de tanto mirrar olhos e goela
e os pulmões. Posso sair à praça,
dar preço a estes órgãos, perceber
que a minha classe é a burguesia
fora do prazo que os respigas vão
escolher? Nessa parte eu seria
trocada de deítico. Nós os furas,
nós os forasteiros, nós os não-lugar
nós patifes, nós os Chão do Loureiro
que se plantam no fecho do Lidl
para apanhar
nós raid rupestre, hodierna tribo
com nossas narinas de utopia
e caverna
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