Saturday, December 31, 2016

Um Castelo de Sonetos (1 e 2)

1.
Quereres-me outra vez? Se for, será
para aquecer os pés, como dizíamos
quando outrora a ambos atraíra
desmanchar a beleza. Trauteáramos

a canção, marcando jogos futuros
quando we get older, losing our
hair, o que era bom, não fosse o besouro
ferrar nos corpos estragos prematuros

e rasgos de desejo imprudentes;
já faltou mais para os 64
e pode ser que nada sinta vendo-

-te hoje deslizar no vidro fráctil
em frente ao que há-de ser e delibero
que fiques só comigo mas não espero.

2.
Que fiques só comigo? não espero
esmola ou mentira, é altamente
idealista e pouco inteligente;
eu, deste lado da Flor do Império

aonde talvez finjas não me ver
impávida me quedo, sou mordaz
e fria aguardo a chuva contumaz
cessando de repente de tremer.

Incrível o que o tempo te sulcou:
um desses magros que ficam grisalhos
na barriga, tratando assunto sério

na máquina do banco. Tudo solto
o nosso ex-amor — de inolvidável

já nada nem de ti e outros quero.

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