Monday, January 23, 2017

O regador e a prisão

Rego as plantas do poeta que guarda prisões
trepadeiras desmaiam, suculentas não obstante
medram, a erva-dos-gatos descabela-se
de um tupperware — pois terá havido
um gato e donos que fizeram filhos
e um caramanchão no terraço onde faz tempo
houve soalheiro remanso e excepção à tortura.

Nas estantes sem leitura restam muitos livros
e o aquecimento central continua em dia
sem gente intra-muros para tanta literatura
é melindroso: a inclinação para descorar
o viço, a ferrenha minúcia da agonia, as
celas quase vazias — como má transladação
o regador prolonga a pena, comuta a vida
.

Monday, January 09, 2017

e. e. cummings na berlinda

may i feel said he

se posso disseste só desta disse
eu que estranho tu gemes que giro
fiz eu (tocar-te quiseste prefiro
que leve tu tentas lá longe) insistes

‘tá bom não anda tu pedes aonde
digo eu mais baixo apontas atalho
com beijo te mexo te pico tocá-lo
no ponto remexo enches respondes

me amas me matas digo é a vida
replico és casado e entras e oh
que tem não pares se sentes me diz

que máximo vens mas lento tem dó
já chega tesão mhumm como és linda
tu tombo eu grito cabrão infeliz
.

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