Saturday, December 18, 2021

[na cabeça do sonho:] do amor pedestre

Guiando até Madrid, aproximávamo-nos do hotel.

Sem sítio para estacionar, levámos o carro ao colo

(matéria de velhos sonhos... é também para outros

recorrente?). Para assegurar a cama deixámo-lo

numa berma em curva. Depois já não estava lá

(aqui é roubo frequente, garantiam os amigos

da poesia). Depois cerrava-se a noite e eu 

procurava, tu desaparecias (ligava-te, mudaras

para o quarto em frente, tinhas-te desviado

de ti, dizias.) Aí desistia de termos veículo

para voltar. A consolar-me, uma amiga antiga

(de quando eu fazia vela) trazia um saco

de entrecosto, pála-pálas – quente furor

a farejar o literal: tínhamos chegado um ao

outro mas francamente não havia meio

de transporte ou alimento.

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