Dessa recherche guardo as mãos indagando-se
tuas: longas, carnudas, macias
tuas: léguas
minhas: miúdas, feiinhas, sapudas
meus: dedos que ainda desdenham anéis
e onde já mal cabem
que são mãos de meio século
quem diria: que palpites
que alegria: como leque
como as pernas daquele par
de outro filme francês
famoso anterior / sob os lençóis
(num coro curto com as línguas:
lucrando com a falha da projeção)
em lugar de nascença
nosso despudor huis clos
nossa querença nouvelle
voilà
na semi-penumbra na sala da cinemateca
salvo a tela:
néon-azulada por mar que nunca chegou à Bolívia
(pelúcidas vagas raramente em filme tão nítidas)
sacolejada de sangue do bebé que escorçavam
(eu nunca vira escindir um prepúcio – assim
de perto) turva, peganhenta, areada com um parto:
cabeça-vulva-placenta que não esperávamos
tão densas
Nossas mãos num júbilo morse
vasculhando-se:
promessas
No comments:
Post a Comment