para quê escrever
o disforme
esporeia a tristeza
sela o pouco de beleza
outra montaria a pele
doada predadora
que extenua
a radiante fera —
acho ali está
afinal lá continua
feia
tantos sulcos percorridos
hoje ocultos acamados
amarinhou quis muito
alguns em todo
o caso a maioria
nus
para um crescer climático
ou final de despenho
à beira de matar
resgatar alguns
que empurraram a porta
depois bateram-na
dando por si trancada
sem estima sem ira
sem sentidos
mónada na fechadura
espiando temerosa
futuros desaparecidos
salvo exceções
que não a envaidecem
e quase esquece
sem regozijo nisso
mas cujo nojo
procuro não procurar
(vai longe essa líbido
para o choro
sobre desperdícios)
despido-nos normalmente
juro como se fôramos, átrios
nós
e se produzissem prodígios