a despedida de Setembro, o diagnóstico de Outubro
dão azo desta vez a uma melancolia remota
tão somente, gralhas que não gritam neste calendário
decerto extemporâneo; pois somos nós o mês de Maio,
migrantes pássaros não tementes já dos dias curtos;
que deslumbradamente as penas luzem: invés de cinza,
uma patine de prata – vantagem devida à lua
que roda e dura agora mais que o sol – e o tempo assim
é amor que não azeda na demora da reserva
5 comments:
Lindíssimo!
Não é caso pra tanto, camaradas, mas o ego manda dizer obrigadinha :)
Saudações revolucionárias
O Ruy Belo? Agora que falas nele, parece-me que deve lá estar. Em todo o caso, este poema partiu-me conscientemente do Céline quando, creio que na Morte a Crédito, no meio da mixórdia toda do campo reeducativo agrónomo, o narrador diz uma frase que nunca mais esqueci e que na altura me provocou aquela espécie de sufocação comovida no gorgomilo: "Nasci no mês de Maio. Eu sou a Primavera." Mas a diabrura é que acho que ninguém evocaria o Céline através do meu texto :)
Rebem-vindos, vós e nós. Eu, quando ouço falar em Ruy Belo, ponho-me logo em sentido, ou antes, rojo-me no chão - as minhas costelas militar e muçulmana. E ele deve lá estar no poema da dama porque é deus logo está em todo o lado, mas só nesse sentido particular.
F.Guerra
tem uma "dicção" que me fez imaginá-lo dito pelo Luis Miguel Cintra.
Rui Costa
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