Tuesday, October 24, 2006

Estou a arder

Não deixa de ser uma coisa bonita de se dizer, e decerto não pensaria nisso se estivesse num forno crematório. Mas há de facto qualquer coisa a queimar dentro de mim: um consumo físico. Tira-me peso. Está a tentar tirar-me o corpo. E ele faz-me falta. Uma hora para arrumar papéis. A quem ando eu a tentar enganar?

Friday, October 20, 2006

Ser Homem

Não é preciso um homem ser
bendito entre as mulheres
para agradar ao par.

Não é preciso um homem ter
nas mãos o testo ou à cintura
briosa a bilha balançar
ou fabricar candura.

Um homem pode não ser
mãe e até ter
filhos mesmo mamas
costuras na barriga
que o período o não inibe
da literatura.

Um homem pode ser
lúbrico louvar o mal
e sem olhar a quem
há certos que se mandam para o mar
e firmam fama de artistas
sei de cor a epopeia
venda-se o olho sendo a vista dura.

Um homem inclusivamente pode
chegar à lua
e reluzir no espaço
a pila ao léu.

O que não pode um homem
segura a dama sua.


(com toda a carícia para , que não tá nem aí pra quem eu sou, e mesmo que seu novo release deixe em parte a desejar é talvez por isso: quando a gente cuida é claro que a gente curte música de foda)

Monday, October 16, 2006

Now you look here, Tzeni

To choose and to dance have to do with desire.

Sunday, October 15, 2006

Nossa






como CRESCEU!

Do consumo do desejo

Como saber se isto é o esforço
que pede à carne o espanto do mundo,
ou se é pretensão de arte o esquecer
à porta toda uma noite a chave
para acolher cupidamente
o imprevisto o amor a rapina
na ânsia excitada do que somos
a seguir capazes de fazer?

se é este o estrénuo abandono
ao inquieto instante ou se antes
nos ilude a evasão? tão ténue
a fronteira entre a fuga e a oferta.
Tu estás do outro lado e eu não
sei como chegar e se escavar
um túnel sob o mar pode haver
maior exumação antes de ti:

tudo o que sepulta o passado –
ruínas de outros, o mudo lodo
sem que haja o modo de dragar;
e o dilatar-se o curso e não
cumprir-se o nosso encontro. Mau grado
a grande apneia o imenso hausto,
cruzam-se os destroços e entravado
o túnel cerca e serpenteia

eu devia ter tentado o voo
porém faltava-me o equilíbrio;
devia ter optado pelo arroubo
todavia não sabia preces;
não tinha a palavra de salvar,
a senha que consagra e exonera;
só tinha este corpo para entrar
e um tacto insolente para abrir.

Thursday, October 12, 2006

Regulação Parental

Fiz mal as contas do post 115. Este é o post 116.

Monday, October 09, 2006

Polegarzinha

(com gratidão para a Vanda Melo)

Refaço o percurso, detendo-me para trincar cada côdea a marcar a volta à casa partida.

Saturday, October 07, 2006

Kit de Sobrevivência da Poesia Portuguesa # 1

ALBA



Levad' amigo, que dormides as manhanas frias:
todalas aves do mundo d'amor diziam,
leda m'and'eu

Levad' amigo, que dormides as frias manhanas:
todalas aves do mundo d'amor cantavam,
leda m'and'eu

Todalas aves do mundo d'amor diziam
do meu amor e do vosso en ment'aviam,
leda m'and'eu

Todalas aves do mundo d'amor cantavam;
do meu amor e do vosso y enmentavam
leda m'and'eu

Do meu amor e do vosso en ment'aviam;
vós lhi tolhestes os ramos en que siiam,
leda m'and'eu

Do meu amor e do vosso y enmentavam;
vós lhi tolhestes os ramos en que pousavam,
leda m'and'eu

Vós lhi tolhestes os ramos en que siiam,
e lhis secastes as fontes en que beviam,
leda m'and'eu

Vós lhi tolhestes os ramos en que pousavam
e lhis secastes as fontes u se banhavam
leda m'and'eu

Nuno Fernandes Torneol

Friday, October 06, 2006

Play Dough


se trabalharmos em conjunto tudo vai ser sempre muito mais rápido

Sunday, October 01, 2006

Teatrinho


... e então apareceu o caranguejo birrento à procura do peixinho, só que o peixinho já se tinha escondido na sua concha preciosa porque pensava que não tinha mais com quem brincar, e também tinha ido escrever poemas tristes.

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