Saturday, May 31, 2008
rios
Nesta última semana, ocuparam-me os rios, como este e este.
Sempre me achei mais do mar, mas talvez mudem as correntes. O rio é o espaço selvagem mas também das pessoas que nos traz ou para quem somos arrastadas. O rio atravessa-se. Não faria sentido nenhum haver um mar do esquecimento ou um mar da morte, ou barqueiros para nos orientarem ou iludirem entre as duas margens. Rio é comércio entre nós. Afinal, foi no último Dezembro que o meu guia, no Vale Sagrado dos Incas, me baptizou no Vilcanota, muito perto do preciso sítio que se vê na imagem.
primeiro dia de menstruação
felizmente é Sábado
e não há ninguém
em roda de mim
de barriga moída
e macerados rins
posso tirar o dia
para verter o sangue
e soletrar poesia.
e não há ninguém
em roda de mim
de barriga moída
e macerados rins
posso tirar o dia
para verter o sangue
e soletrar poesia.
Sunday, May 11, 2008
recordo às vezes que me dizem alguns versos
CÂNTAROS
Nas longas mesas do tempo
bebem os cântaros de Deus.
Bebem até ao fim os olhos dos que vêem e os olhos dos cegos,
os corações das sombras dominantes,
as faces ocas da tarde.
São os mais poderosos bebedores:
levam à boca o vazio e o cheio
e não transbordam como tu ou eu.
Paul Celan
Nas longas mesas do tempo
bebem os cântaros de Deus.
Bebem até ao fim os olhos dos que vêem e os olhos dos cegos,
os corações das sombras dominantes,
as faces ocas da tarde.
São os mais poderosos bebedores:
levam à boca o vazio e o cheio
e não transbordam como tu ou eu.
Paul Celan
.
Agora muitas vezes só me toco
e muito mais me basta que embalar-me
em cartonada aspereza de palavras
com quanto me castiga este meu corpo
à falta de criar eu morro um pouco
e já a nada chego se a mão estendo
aí escurece insisto por instantes
só onde contraio me desloco
até ninguém me amar. O que me aquece
me seca e envergonha tudo nu
me cerca – tão voraz eu fui das chamas
que agora me consumo, não inflamo
ou quase não, nem tudo,
.
Agora muitas vezes só me toco
e muito mais me basta que embalar-me
em cartonada aspereza de palavras
com quanto me castiga este meu corpo
à falta de criar eu morro um pouco
e já a nada chego se a mão estendo
aí escurece insisto por instantes
só onde contraio me desloco
até ninguém me amar. O que me aquece
me seca e envergonha tudo nu
me cerca – tão voraz eu fui das chamas
que agora me consumo, não inflamo
ou quase não, nem tudo,
onde hajas tu –
espia estou aberta enternece-te.
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