É que chega sempre tarde, disseste,
o verso. Mas olha, a melancolia
que colocaste à mesa da poesia
talvez seja só ideia que o Oeste,
com seu crepúsculo, ronronou
de Harold Bloom, que leu o Bartleby
certamente, mas também Emerson:
for we never know how soon it will be
too late;
esquecendo que no ringue
entre gigantes também coube o prodígio
de, consumadas mortes e erros do espírito,
se crer: my business is with the living.
Custará tanto buscar da América
a noção de que sempre se repete
a aurora? e apresentar-se o poeta
a esse céu da noite em planisfério
que ao astrónomo amador, sem spleen,
cabe no chão do dia religar?
E que a poesia, se tem de recordar,
será do amor que não se redime
nunca da gana absurda de o fazer.
E de um incrível viço de erva
que sim, que frágil – que nítida – ferve
nos nossos olhos ao alvorecer.
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