disse ela, dedicada,
“pele branca como a neve” por isso
ruídos de espinhos por isso este medo
pavor de crescer de ver
o corpo mudado em formas de pousar
as mãos curvas minha pele branca
como a neve por isso
o caçador ambíguo por isso
o coração terno por isso
o fígado colérico por isso
o tenro fruto alvo
que atravessa a úvula
dobrada de medo adormeço
abraçada ao abismo deslizo
na risca quebrada no espelho
sou a virgem a velha o fio
do punhal o caçador na floresta
a mãe à janela a lua a brilhar
a bruxa a estragar o fim
da festa
qual coisa carnal vulgar
rosa escura rosa rubra rosa
medusa brava a gritar
na noite um dom
todavia me unge
se insinua assim
porque não amor
caçador bom
quem parta comigo
este fruto o meu corpo
tomá-lo e comê-lo
que trago há tanto tempo
este sumo o meu sangue
tomá-lo e bebê-lo
que guardo por abrir faz
tempo no castelo
no trinco da garganta
na torre da neve
cujo morro inatingível
retoco com a boca, me movo
desengasgo, solto, escorro.