Aqui como em toda a parte a porcaria
joga-se com o sol a produzir beleza.
joga-se com o sol a produzir beleza.
Gostamos, tanto mais é boa porcaria:
a do barro das valas quando chove
a do barro do lago quando não chove
a do pó dos campos com tempo nas janelas
a da ribeira com o lodo as rãs os talos
de hortelã que têm de lavar-se em águas
várias como as mãos dentro delas
ou no centro da terra pegando estaca
as mudas com raízes estuárias os
riscos nas unhas encardidas e quadradas
riscos nas unhas encardidas e quadradas
e a queratina sob certo ângulo de luz
ou fímbria de alguma lua a tingir algas
e o azul do sisal falso das redes atiradas.
Que sempre mais ou menos esse meio
sujo: no silêncio o sulco no céu
de pássaros e excrementos no solo aí
batido coleante fértil vastamente desútil
e roçado segundo a época; mas não
é igual a porcaria — também o ditado
logra desmentido:
o sol não brilha bem
para todos, isso perturba e suscita
a quezília do lugar à sombra (o sol
no caso, presumido de bandeja) logo:
um dia tudo isto será construído.
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