claro amor vinte anos no fundo sabes
que sendo alto ainda o sol além as estrelas
supernovas rareiam e no escuro violável
há também a dança o tambor a assimetria
do poder do mal parecendo a dor equânime
claro amor vinte anos já sabes quase
tudo o que eu disse que gostaria de evitar
para ti noutra carta ao mesmo tempo logo
que a escrevia acho a pensar que era eu
de antemão a avisar-te isto é a assimetria
do poder das mães parecendo o amor excecional
claro amor vinte anos se calhar sabes melhor
do que eu pois se o conhecimento é cumulável
acaba por consumir muito consoante o ponto
de vista do trabalho ou do desejo o que te quero
assim comunicar feito o parêntesis do capital
e do estado em que encontras a propriedade
que é pouco comum para nem falar da família
do sul da justiça do clima assindical de nós que sinto
ainda isto cá dentro maior que o mundo a atmosfera
o mar a onda em que me habitaste e não sei
se é fábula se banal claro amor vinte anos sabes