Questo seno darà buon latte alla nostra piccina
Alda Merini
será verdosa com carpas splashs limos libélulas
a piscina de amor a haver lá atrás
mau grado a efabulação as perdas
da idade do whisky das desoras da memória
dos melindres e das matanças à custa de uma ideia
ou a pago de armadores
Penso numa boia de líbido no fundo útero
e duas piscinas de criança a haver nos testículos
Seios que darão bom leite para a nossa piscina
praias a haver na maioria dos atos de conceção
e em todos os atos de folgar certas trilhas da ira línguas
de areia mínimos arquipélagos nós
e esse ser o esteio
quando penso nas filhas
que gostaria de estreitar muito embora
a ladainha para lhes tocar leve a dor
nem sempre surta
a incineração da dor dou
por mim a pensar
para elas e os amigos seremos como o pai de S.
em casa de quem também assim acampámos
vezes a ouvir vinis aspirações ressentidas de louros
dois dedos de azedume mais dois do tal whisky
outros tantos cubos de cântico
medida ao lado a água lisa
para dali sairmos mal
se separavam do céu os gomos do sol
e o rio se despia ainda às escuraspara depois da ressaca vociferarmos versos livres
sobre o poeta herdeiro que o futuro ilegitimara
e na verdade nos parecia bem mais para lá
do que para cá estávamos nós
o gangue dos ladrões de livros
a malta da alegria induzida
cool cheia de complexos os tais arquipélagos e só
nos faltava cuspir o fogo que todos nossos poros nervos engoliam
novos
e penso em S. quando vir que já tem (terá?)
Tenho a mesma idade que o meu pai quando
e haver de encontrar algo a que se agarrar
senão está tramado
mesmo que seja uma coisa pequena a da piscina
que seja o embaraço de então o gesto encovado no vago trajar
de passar-nos os livros com a dedicatória
Avisa-me quando achares que começo a parecer-me
sequer um bocado com ele ou isso ou o papel
que nem chegou a deixar a irmã que foi a primeira
num erro de cálculo entre a dor e a dose de neve a queimar
tão nova
na lamela de prata
que o pai de S. seguiu anos depois depois ultrapassando a janela
e tanto o sofrimento a jusante do amor
no farto seio
como se um chapão no vazio
que não sabemos o quê
que espécie
inventou os deuses e lhes deu a morte
novos
e já o texto vai longe da piscina verdosa dos peixes
da permacultura
da gozosa cópula
ou velhos que tacteemos
um corte de corrente um choque que nos devolva
à primeira tresleitura
após o aluimento lá atrás a prancha e a pique
olá ainda
de lodo e de leite
aí estás
a amorosa
do farto seio
*
Mas não começámos sequer a encarar
se se escreve para uma nostalgia a morte ou agora
à procura das grandes questões ou assentimentos
enleio empatia desvelos
afins
gostamos ainda de nos dirigir à beleza
a disfarçar o furo o halo o enxofrado bafo
de um generation gap cada vez mais fosso
o futuro uma fritadeira
cavamos e cavamos
já nos assam os cabelos
de Sulamite
já a paisagem rutila motores fumam marés levantam
o preço a que repetimos amor
numa linguagem convertível em estatísticas
para tradução automática e o comércio
das perguntas ao google
ainda que lhes gritemos
vamos juntas
será que iremos
a fundo
com nossas piccinas menores
a haver
e a voz delas distorcida
como num filme de Spielberg
a pedir o corte — 1.5
de emissões numa década lá atrás
bebés ainda há pouco o primeiro choro
a plenos pulmões e todos os poros convulsos de tão indevida
desvantagem no tempo
a haver
e por muito
impressionante então dizer
que fosse o nosso melhor
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