Friday, November 07, 2025

como dizer onde nos lamber


delícia Odile

dá-me lídimo 

safismo e onanismo

decerto Odile titila-me

 

ficando aquém a língua, eu sei 

a líbido de cerzir com linhas 

minhas traduções de Odile

 

assim, se ela diz, die Zuflucht der Hand

an der Möse, der Möse an der Hand

eu sei, já deslizei de modo

tão semelhante aquela mão

tateando iguais medidas

entre espaço e matéria, abrigo

e humidade, tenra e tesa

a tua pélvis

as minhas nádegas, a tua mão

sobre o meu monte, os teus joelhos

encostados

num poema de há eras

chamado O princípio do escuro

 

eu sei, ao mesmo tempo, que monte

é uma fraca verve, cobardia

poética para Möse, e desola-me

a falta de um nome de que goste

na minha língua para o meu sexo

a léguas da igualdade com o texto

 

ou de um calão veemente

eu sei, esse princípio do escuro

é um blackout glossológico

até ao perímetro da cintura

ao ponto de, aliciando-me deveras

levar palavrões na caixa aberta

do poema, não ter ainda achado

até ao presente, provocação

certa, sem o mínimo de pudor

para o que tenho entre pernas

 

mesmo quando me titila Odile 

ao pôr na boca em Manifotzo

todas as formas de os gajos

nos acapacharem com o pior 

na sua língua – Fotze! – eu falho

 

o português é tão macho que até uma cona

para causar estragos

tem de ser do caralho 

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