Monday, May 16, 2016

Marinha

E depois é preciso chamar os amigos
para soprar os versos todos mas há dias
tantos que nenhum nos visita. Ligamos-lhes
ou não lhes ligamos estão fora noutras tarefas.

Separarmo-nos de quem fomos não tem
mal, enganarmo-nos de longe também
não será o caso. Críamo-nos as filhas,
trocámos cartas de madrinhas de guerra.

Eu esqueci-em de como engatilhar a bomba
no dia em que bebemos muito além da conta.
Lembras-te. Dos enjoos do mar à tareia
na tua juventude zangada? Do tempo

em que temíamos mais que nos descobrissem
a celulite do que as manhas? Das tenazes
façanhas — durmo sozinha no relento —
que nos trouxeram aqui pouco mais ou menos

firmes peladas enxutas e em excesso?
E do mar nos cabos soltos e o grande vento
o chicote nas velas e dentro treva era
e não era nada deste estilo, os versos

se vierem que liguem serão líquidos

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