Monday, January 21, 2019

Mallarmé Mareado

Ah, eu li os livros todos e a carne é lassa,
Zarpar, além! Zarpar, que sinto ébrios pássaros
Por estar entre os céus e a espuma sem fim!
Nada! Nem nos olhos o espelho de velhos jardins
Me arreda do mar que já molha o coração,
Ó noites! nem a clareira árida da lâmpada
Sobre o vazio da folha que resiste branca,
E nem a rapariga que amamenta o filho.
Vou partir. Ó vapor, de equipagem trôpega,
Levanta o ferro, à natureza exótica!

Em cruel desalento, este tédio imenso
Ainda crê no adeus supremo dos lenços!
E talvez que os mastros, convidando a tormenta,
Sejam dos que o vento em naufrágios rebenta
Esparsos, sem mastros, lastros, férteis refúgios.
Mas escuta, ó coração, o canto dos marujos!


[poema dos top 10, cheio de pontos de exclamação!]

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