A desobediência das filhas
bravias implica
que nos falta o pulso e o tempo foge
que nos falta o pulso e o tempo foge
dizem elas que somos cegas nós
dizemos que não pesam as consequências
não por sermos harpias
amedrontadas
ou nos acusarem de
obsolescência ser tarde
porque nunca as defendemos dizem elas
que nos protegem por defeito
porque nunca as defendemos dizem elas
que nos protegem por defeito
então bloqueiam os acessos
sentam-se
nas encruzilhadas cantam
acantonadas
enfrentam a ordem de peito
crescido dão corpos
para nosso bem dizem dar a
liberdade se preciso
para as levarmos a sério não
nunca as defendemos
em excesso nem contam muito os
ralhos
embora nos aflijam tanto que
com elas vamos
cedendo à cautela resguardo e
sobressalto
porque nos iludimos ser só questão
de tempo
para o amor ou o
reconhecimento ou a prece
ou a frugalidade ou a ciência
dar seus frutos
para o pior ser sonho ou susto
de momento
escalou o próprio tempo e bruto
aperta os polos
duma espécie soberba crente
que os afetos justificam
tudo querer os dons os danos
tão inquietos tão
ávidos tão ineptos tão
contritos como insanos
Elas sacrificam-se por si por todas e
todos dizem
os tão sobejos dons os danos
tão acerbos Não
os dessorados poços furos lodos todos dizem Mãe
com solene descaramento insolente coragem
louca alegria ansiedade tamanha compaixão só
louca alegria ansiedade tamanha compaixão só
seria bom poderem estragar-se
pouco mais
ou menos do que antes nós sem maior
razão
e despudorada língua a empurrar a urgência
ou com a barriga a técnica sem
outra previdência Já sabias não seria uma solução