Pessoas radicais a fazer coisas radicais. O contraste do preto sobre o muito branco, a uniformidade da audiência, tal como a da maioria dos artistas e retratados na National Portrait Gallery, dá que pensar. Não será apenas uma luta de brancos. Podemos estranhar que o Extinction Rebellion, um movimento de protesto contra a extinção pelo capitalismo se globalize numa sigla que tem algo de marca, XR, mas, no que conheço dos seus propósitos, há um estímulo às diferentes expressões e auto-determinação dos grupos que pegam na bandeira. Não encontramos nesses grupos grande diversidade racial, é certo, mas eles próprios dizem proteger os mais fragilizados de entrar nas linhas da frente, dados os problemas acrescidos que podem ter com as autoridades. Percebe-se que a classe operária se exalte e enerve ao ver-se "boicotada", por pessoas que porventura têm como mais abonadas para o ócio, numa rotina que lhe garante o sustento necessário. Escolher como alvos transportes públicos nas lutas contra o clima e impedir a livre circulação de pessoas sem voz na matéria afigura-se uma consequência imprevista e extrema da intenção capacitadora, na base do movimento, de ceder a chancela a quem por ela quiser lutar. Assim, ainda bem que, igualmente no seio de grupos que se dizem XR, o assunto merece reflexão.
Por outro lado, parece-me que haverá alguns indivíduos de falas falaciosas a injectar ódio racial contra os ativistas. Os nossos semelhantes "em vias de desenvolvimento" viveriam em condições inferiores e ainda de maior exploração se não tivessem petróleo? Deverão ser bem mais complexas as condicionantes que fazem não termos ouvido ainda nenhuma preta nem parda reclamar contra os betinhos do clima, ou preencher as desfalcadas fileiras dos negacionistas, ou perfilhar o pensamento mágico dos tecnocrentes.