A moça que no monte vai,
Ceifando e cantando consigo:
“Ficai, ou de leve passai.”
Corta e enlaça em feixe a espiga,
E canta uma triste cantiga;
É ouvir! Pois o fundo vale
Responde em eco musical.
Jamais cantou com tanto ardor
O rouxinol à tribo errante
Que acampa à sombra do calor
Nas areias do Levante.
Nem tem tão vibrante trinado
O cuco em Maio arvorado,
Quebrando do mar a mudez
Nas ilhas do mar escocês.
Diz-me alguém o que ela entoa? –
... Talvez sejam sofridas notas
De um passado que lhe doa,
Talvez já idas derrotas...
Ou outro humilde pranteio
Que hoje ao peito lhe veio;
Mágoa, perda, mau sentir,
Que passa e torna a afligir....
Fosse o que fosse, a moça cantava
Como se não findasse a toada;
Eu vi-a cantar no trabalho,
E sobre a foice curvada; –
Ouvi-a, quedo e calado,
E enquanto subia o valado,
Levava-a no coração,
Depois de muda a canção.
William Wordsworth
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