Sou
como chapa em que batem. Reflito. Tanto absorvo, côncava, para que riocheteiem.
Não peço, mas não previno que me contem coisas que me desfibrilam as terminações.
Não cresço. Disseram que eu era sonsa. A minha versão heróica da ofensa é ser
turista. Mas sou essa menina que, aos cinco, a brincar sozinha no patio da Urbanização
da Portela, ia somando mãos de anos todos iguais, incrédula com o incomensurável
ato da imaginação. Os anos são como os prédios, blocos pintados de tiras
uniformes, indistinguíveis à distância. É porque eu não tenho medo da morte que
me ferem.
No comments:
Post a Comment