Friday, November 01, 2019

A mão que não assina o papel

Traduzir é ler demoradamente, escrever com esforçado decalque, recobrir o texto alheio a partir de uma garantia auto-iludida: achar-se próxima dele. O altruísmo da tradutora é, de um prisma, arrogância; de outro, cobardia: cúmplice que se exime à congeminação moral do monstro. Mede-se, a medo, com o seu autor, veste-lhe a voz. Não lhe é imperativo decorá-la, cede a retocá-la, torneia-a ao ar do tempo.
Cobra por caracteres, contando os espaços.

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