Sunday, May 31, 2020

a ver se desta acabo teu prazer

escrevo-o porque é o mais difícil
de fazer sem ti, que foste corpo
bóia às minhas mãos, bordão torto
mas para vir à terra o mais fiel

ferro. E se eu na pele nem soube
do mal que me avisaram que me fazes
e já sou mestra em largar-te quase
tanto como a Plath a gritar lobo

até morrer de facto, eis o tributo
ao que passámos: rumores de noites,
copos, cafés, suspensões de céus

e sol manchado após o mar ou coito
e o pasmo sobretudo libertado
do vazio — que triste, cigarro, adeus.

No comments:

Blog Archive

Contributors