Sunday, June 02, 2019

[na cabeça do sonho - festivais de verão]

Tínhamos de passar o Helesponto. Era um misto entre residência inter-artes e o show Survivor.  Tínhamos de fazer listas de verbos de ação. Tínhamos turnos de sonetos. Havia um truque com vídeo, investimento na recitação, jovens poetas que pareciam o Leonardo Di Caprio. Eu achava piada, havia uma parte de fazer comunidade, outra de tramar, tínhamos de fazer livros a partir de capas, o meu regresso de qualquer forma era antes da pontuação. Suponho que afinal a residência fosse um barco, tínhamos vindo à vila e agora havia que passar a nado o estreito. Como Lord Byron. Mas com uma mochila impermeável às costas e todos os nossos pertences. Claro que os sapatos sobretudo pesavam. O primeiro a tentar tinha sido o poeta alemão de cabelos claros e compridos, que estava agora a ser assistido sobre uma duna com os pulmões expostos.


[Byron repousando na casa de um pescador depois de ter passado a nado o Helesponto, por Sir William Allen]

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