é ofício de navegação com cavalete
à vista, diluídos excessos, deixando
pesos calculados por uma intuição
que se treina: uma cautela estatística
com singularidades, um deve-haver
de transportes entre o do outro e o nosso
uma praxis
dum futuro temporário: malabarizar
os espíritos, revivificar uma fonte
seca, reanimar barro cuja geração
em grande parte se perdeu, lavor
de homeopatia para um deus menor
e artesanato
de exposição permanente à falha, além
do ouvido para murmúrios e fífias
entre discursos escorreitos, pontaria
a uma voz anterior, a fantasia
de decifrar, espécie de febril loucura
de melhor escutar, ou destapar
a visão antes das imagens, a escritura
ante-idiomas, pré-dilúvio, anúncio
dentro da brecha, uma ambição megalómana
para tal vocação lateral, sucedânea,
desconfiançada, impura a milhas galácticas
do dito original
órfico indecente — esforço manco afinal
que não só desmancha línguas mas rasgos
humanos, alguns génios, face, em especial,
a reservas de hábitos feitos imaginários
e ainda
assim
há que dar-lhe enquadramento profissional
organizado e bem pago como a tantos males
necessários.
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