S. T. Coleridge
Versos compostos a 21 de fevereiro de 1827
Dir-se-ia a natureza toda trabalhar: espreitam da toca
As lesmas, zumbem as abelhas, esvoaçam aves no ar,
E o Inverno, fazendo a sesta a campo aberto,
A fronte radiosa exibe, sonhando a Primavera!
Sou eu, no entretanto, a única coisa ociosa
Que não faz mel, nem poda, nem constrói, nem canta.
Porém, sei bem dos bancos onde sopram amarantos,
Sondei a fonte de onde fluem rios de néctar.
Ó folhosos amarantos, por quem brotais,
Se por mim não floresceis? Correis, ribeiros abundantes,
Longe de mim. De lívidos lábios, cabeça sem coroa,
Me passeio: e sabeis que pena a alma me atordoa?
Trabalhar sem esperança é peneira que reduz o néctar.
E a esperança sem objeto não vive nem produz.
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