Uma coisa
malvinda aparece no mundo
a clamar desordem, desordem –
Se me odeias assim tanto
não te incomodes a dar-me
nome: ou precisas
de mais um insulto
na tua língua, outra
forma de culpabilizar
uma tribo por tudo –
como sabemos ambos,
quando se adora
um deus, é só preciso
Um inimigo –
Eu não sou o inimigo.
Apenas um esquema para tapar
o que vês a acontecer
aqui nesta cama de terra,
um pequeno paradigma
de falhar. Uma das tuas flores preciosas
morre aqui quase todos os dias
e tu não vais descansar até
atacares a causa, ou seja
tudo o que restar, tudo
o que por acaso vinga
mais do que a tua paixão pessoal —
Não era seu destino
durar para sempre no mundo real.
Mas para quê admiti-lo, se podes continuar
a fazer o que sempre fazes,
a carpir e a culpabilizar,
as duas coisas sempre juntas.
Eu não preciso dos teus elogios
para sobreviver. Já aqui estava antes
de cá chegares, antes de alguma vez
teres plantado um jardim.
E aqui estarei quando só o sol e a lua
restarem, e o mar, e o campo aberto.
Eu formarei o campo.
Louise Glück (viva!)
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