Dizem que se pega
de boca em boca
se a menos de dois metros
e há quem atire para mais;
que resiste até cinco dias
nos metais: maçanetas, corrimões
moedas—passamos
o cartão sem contacto
e borrifamos nisso a toda a hora.
Untam-se as mãos com a solução
do álcool, tapam-se os buracos
da cara, menos os olhos que
custa e tudo o que se compra
se esfrega.
Eles dizem que não chega.
Que os velhos há que protegê-los.
Que prolongar a vida vale mais que a solidão.
Que há concelhos amarelos.
Que estender a vida vale mais que a liberdade
de mão beijada
que o mal é temporário e o plano também
que passa se lhe dermos importância
e acatarmos um bocado
mas a pergunta é será
que há outro programa para o futuro
se não cumprir o programa
quando muito carregados de esperanças?
Eles dizem que não chega
que somos irresponsáveis
que devemos ter uma aplicação
mais regrada.
Que a saúde pede toda
a vigilância que só assim
se equilibra a balança
com os gastos do Natal.
Mas a pergunta é será
que vem de dentro o mal—
nem foram eles que disseram:
Fiquem em casa, porra! primeiro
fomos nós pressurosos de medo
trocando espontaneamente o aberto
pelo aperto, seguros que era bom
e dispensava com vantagem
um Vai prá tua terra! mais sectário—
ao menos aqui é cada um no seu canto
ordinário, quando muito carregados
de esperanças de que a propriedade
privada nos encha de saúde
e a morte não ligue à urbanidade.
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