(em construção, mas propício à estação)
É tempo de ser velho,
De levantar velas:
O deus dos confins,
Que dá orla aos mares,
Apareceu-me na sua ronda fatídica,
E comandou: “Não mais!
Não mais dispares
Teus grandes ramos ávidos, e raiz
Larga a fantasia; chega de inventares;
Cinge o firmamento
Ao diâmetro de uma tenda.
Não podes esbanjar-te nisto ou naquilo,
Há que escolher qual dos dois;
Economiza o rio que vacila
Prezando sempre o Doador;
Deixa os vários e guarda os raros
Aceita os termos atempados,
Ampara a queda com pé avaro;
E, por um bocado,
Faz planos, sorri ainda,
E – se nada novo se gesta –
Amadurece o fruto que resta.
Maldiz, se te apraz, teus pais,
Maus maridos de seus lares,
Que, soprando-te o alento,
Não lograram legar-te
Esse tendão que dantes era grosso,
O bárbaro tutano dos ossos,
E deram-te apenas veias vazas,
Fogo inconstante e rédeas lassas —
Deixaram-te, entre as musas, mudo e mouco,
Entre os gladiadores, paralisado e oco."
Como a ave se aproa à procela
Apresto-me ao vento do tempo,
Dirijo o leme, rizo a vela,
No falho presente sigo a voz de outrora,
“Com mansa lealdade, abole o medo,
Ruma sempre reto e incólume,
Está perto o porto, de merecida rota,
E cada onda a maravilha enrola.”