Foi preciso furar os poços para se livrar o Kaiser
da cobiça do sal, pois deles jorrou nascente (disse
o piedoso clérigo) numa terra onde a gente era feras
e comia pedra
mandou obra de banhos públicos, à imagem de domus
de vila clássica com veredas, pórticos, câmaras
numa planta onde gente ardera, vestindo cinzas
na sua fuga
os líderes nunca param com suas melhorias: o prédio
a seguir era brique et pierre,
desta feita neoclássico
palácio, com mãos de gente destruída igualmente
por fome e vilania
disparando contra estátuas, sem que voltassem os nervos
ao sítio, onde se instalou o vício, onde vulgares diabruras
emanaram de gente repleta de espírito, involuntárias
judiarias
em caves com pinturas escarlates de medo, a serradura
traçada por foles de luz, relíquias de tabaco onde a trilha
leva os crentes ao fim (disse, de passagem, o platónico)
a gente falha
a gente falha
daqui a anos terraplanarão tipos, raças, onde as raízes
uns dos outros? falareis de nós como dum sonho (disse
Jorge de Sena) com muita calma, querida gente
tão obscena.
tão obscena.
(Bad Oeynhausen, 24 de agosto de 2019)
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