Sunday, August 11, 2019

Torre da Canção

          com mimo ao poeta do décimo verso

Quem dera de baixo um sino
balido metal, resíduo
rebate venal, toxinas
loucas no corpo ruído

caem borras e suores
onde dói antes se gozava
(os beiços regougam mel
a trova riscada de cor)

No barril podre do afã
venda-se a manhã burra
a desoras surdem ímpetos
fazem-se fanicos rudes

(um frouxo ranger de leque
a seda nas pregas puída
golfo oco, faúlhas cinza
ar roxo, opacas sílabas)

Nascer-me-ão cãs no púbis
e uma míngua malograda
de hubris, um pirolito
acre rolha a própria língua

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