Traduzir é um problema matemático de pensamento mágico. Tornar, ou pretender, duas palavras um mesmo resultado. Há poetas que o fazem na própria língua, como Gerard Manley Hopkins, e então uma coisa se torna – não, gera - duas palavras. Forçá-las a voltar à unidade é calar a infernal dualidade.
Não, não concebo, pútrido conforto, Desespero, ou de ti cobiçoso me nutrir.
Nem deslaçar – frouxo sendo - do Homem os esfiapados troços
Por dentro, ou, mais que exausto, posso eu jamais chorar. Eu posso;
Pode algo, a esperança, esta ânsia por manhã, querer não existir.
Mas ah, mas ó Tremendo, porque rudes teimas me cingir
Ao jugo-mundo de teu destro pé de pedra? tal leonina pata contra mim? Destroço
De meus ossos, mercê de teus famintos olhos tenebrosos; e me zurzir
Rondando proceloso, eu empilhado ali, febril por te evitar e me evadir?
Pra quê? Pra me livrar da casca, me assentar o grão, claro e âmago.
Não, por entre tal labuta, luta, desde (creio) que beijei o madeiro,
Ou foi a mão, ah, coração! a força me subindo, júbilo furtado, ri, dei palmas.
Mas a quem, palmas? ao herói, bulindo com os céus, que me jogou rasteiro,
Seu? Ou eu que o combati? Ó qual deles? ou cada qual? Tal noite, naquele ano
De breu já dissipado, biltre, me vi deitado à briga com (meu Deus!) meu Deus.
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