Sunday, December 06, 2020

Tinian (uma versão)


Com que doçura erro

Por sagrados ermos,

-------------------------------------

E das tetas da loba, ó bondoso espectro,

A água, que estas nativas terras

Comigo atravessa,

                                                      ,  outrora mais feroz,

Amena agora, me sacia, como a frágua;

Da primavera, quando no cálido leito 

Dos bosques recorrem estranhas asas

 

                                                      pairando na solidão;

E sobre as  palmeiras 

Redolentes

Co’as aves do verão

Se juntam as abelhas,

E os teus Alpes,

 

De Deus apartando

A mundana parte

                                                      ergam-se embora

Armados

 

E alegre lá rumar, sem tempo

 

Pois ordenado foi,

Tal veloz carro, ou relance de falcão

Ou luta entre feras, o ser marcado

Filho do espírito, 

O ser do Ocidente, celeste

Paramento

  

Existem flores

Que a terra não concebe, que espontâneas

Brotam de mais solto solo, 

Ao revés do dia, não

Convém que as colhas,

Pois de ouro se sustentam

Desprevenidas,

Sim, de folhas nuas até

Como os pensamentos,

Friedrich Hölderlin, c. 1804


No comments:

Blog Archive

Contributors