Monday, December 28, 2020

Vitória de Samotrácia

 Este baraço de trapilho esta

rodilha em várias águas chilras

mudas torcidas de sangue

entre filha e mãe e filha

os grumos grossos sudários

de tristeza que vem das avós

e das mães de antes delas

(a bisavó Xxxxxxx cuja avareza)

as gerações várias abaixo e acima

das mães a bater no sangue

a pisar pranto na penumbra o 

ministério do medicamento

e do veneno (as crianças

esgueirando cautelas à saúde

mental em baixo das escadas)

barrelas inquinadas as mães

e as filhas por tabela inclinadas 

mais ao fundo

sobre a raiz do nervo 

e o espelho negro

da insânia e seu medo 

sem que alguma delas perdoe

e por muito se condoa

nenhuma absolva ou seja ilesa.

O que penso quando te penso
filha é numa estátua

 

novamente isenta de umbigo

lisa e puxada por um fio

incrível e por asas impelida

de propulsão externa dada

a abdicação de alguns membros

o busto derrubado da mente

poupando-se o fatum atroz

das senhoras anteriores

que olharam para trás.

Apenas isto claro (analogia

por sofrimento) desmancho

 

Valha-nos punção que risque

sobre os ombros o estorvo

desse manto

valha-nos uma proeza 

mais que a obra o projeto

de interminada criação e

a leveza mais que a veloz

sedimentação e o globo

mais que a dúctil pedra

ou perda herdada. Releva

o rasgo do afeto as faixas

de águas rebentadas— que eu

não seja o teu pesadelo ou  

melindroso apego—mas rega

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